Dia 21 de Outubro (terça-feira) das 14h00 às 18h00

RESUMO:

Para um analista de comportamento intervir profissionalmente em qualquer campo de atuação, ele necessita ser capaz de apresentar certas classes de comportamentos tais como: identificar, delimitar e caracterizar comportamentos que necessitam mudanças, ou aqueles que necessitam ser mantidos; ou descobrir comportamentos relevantes que necessitam ser aprendidos por alguém. Ser capaz de apresentar comportamentos que constituem essas classes somente é possível dada a contribuição de Skinner com a noção de comportamento operante, cuja implicação foi fundamental para o entendimento do que constitui o objeto de estudo e de intervenção do analista de comportamento, no século XX e XXI. A noção de comportamento operante foi pautada em conceitos fundamentais que caracterizaram o desenvolvimento da Ciência do século XX, principalmente pela superação da noção de causação (“causa e efeito”), pela de “determinação” de eventos e da noção de “determinação absoluta” pela noção de “determinação probabilistica” de eventos. Além disso, o conceito de comportamento operante integrou conhecimentos acerca de processos estudados na própria área, como o de “comportamento reflexo”, possibilitando superar, por exemplo, a tradicional dicotomia “inato” e “aprendido”.  A proposição do conceito “comportamento” na perspetiva skinneriana possibilitou mudanças sem precedentes também no campo de atuação dos analistas de comportamento. Ao definir “comportamento” como um sistema de interelações entre ações de um organismo e aspectos de seu ambiente antecedente e ambiente subsequente a essas ações, e ao demonstrar, de modo inequívoco, o processo de seleção de comportamentos pelas consequências produzidas por ações que organismos apresentam em determinadas situações e condições, Skinner caracterizou uma maneira de intervir mais precisa e mais coerente com o conhecimento científico do século XX e XXI: para entender comportamento é necessário analisá-lo funcionalmente, explicitando o mais completamente possível as variáveis antecedentes e subsequentes das quais certas ações de um organismo são função. Analisar comportamentos implica em explicitar, então, variáveis constituintes de classes de estímulos antecedentes e de classes de estímulos subsequentes a determinadas classes de respostas de organismos.  Será possível, a partir da análise funcional de comportamentos, em um processo de intervenção, identificar quais comportamentos necessitam ser alterados, ou mantidos. Por outro lado, para descobrir quais comportamentos necessitam ser ainda desenvolvidos por alguém, a partir de classes gerais de comportamentos identificadas, há um procedimento derivado do conhecimento da Análise do Comportamento que é o de “decomposição de classes comportamentais”. Decompor uma classe geral de comportamentos é explicitar classes relativamente mais específicas e menos complexas que compõem a classe geral, de modo a possibilitar a organização delas para o ensino. As categorias gerais e básicas formuladas que permitem organizar essas classes de comportamentos menos gerais que constituem a classe geral, segundo abrangência dos verbos que as expressam, são: o que “fazer”, como “fazer”, com que “fazer”, em que situações “fazer” e “o que precisa decorrer do "fazer”.  Sem a contribuição dos conceitos de comportamento, de classe, de análise e de síntese comportamental, assim como a distinção entre “comportamento” e  “resposta”, vários desses recursos instrumentais para o desenvolvimento dos comportamentos profissionais do analista de comportamento ficariam comprometidos ou mesmo seriam inexistentes.

Palavras-chave: análise do comportamento, decomposição de classes gerais de comportamento, conceito de classe operante, critérios para decompor classes gerais de comportamento